quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A única revolução ainda possível


O ser humano atual é escravo de suas próprias criações, deixando de lado a sua liberdade, sem nem ao menos se dar conta de que ela está acorrentada em suas próprias raízes. De acordo com Flusser criamos máquinas a principio como extensões de nossos corpos, de nossos sentidos. Porém, essas passam a ser parte de nós, ao contrário do que deveria ser, pois, não se sabe mais o conteúdo da tecnologia, o por que dos fatos, como são feitos e como soluciona-los. Sabe-se apenas o razoável, medíocre necessário para que as coisas aconteçam.
Pensamos informaticamente, do modo como pensam os computadores, em que a fotografia introduziu este pensamento insuficiente em nossas mentes trazendo consigo o problema da liberdade, no qual o trabalho está sendo substituído por máquinas, assim como os pensamentos, os ideais e as particularidades.
O fotógrafo por sua vez ilude-se ao imaginar que está sendo livre e artista de sua arte, espontâneo em sua política, particular e único. Tal feitio ocorre pois não sabe, como os fotógrafos experimentais, que deve-se conhecer a máquina a fundo, para que a estratégia seja dirigir-se contra o aparelho, solucionar seus mistérios, opor-se a ele e domina-lo. A filosofia da fotografia então, aponta o caminho para que sejamos conscientes e capturemos a liberdade na vida do funcionário dos aparelhos.

Filosofia da caixa preta – Ensaios sobre uma futura filosofia da fotografia. Capítulo 9: A urgência de uma filosofia da fotografia. Villem Flusser. EditoraHucitec. São Paulo, 1985